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Educadores recebem prêmio na categoria especial Tecnologia do Prêmio Professores do Brasil

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A cerimônia do 10º Prêmio Professores do Brasil, realizada ontem, em São Paulo, foi prestigiada por centenas de educadores e autoridades do Ministério da Educação e seus parceiros, como o CIEB – que foi responsável pela temática especial “Uso de tecnologias de informação e comunicação no processo de inovação educacional”. Três professores venceram essa modalidade, que teve 35 finalistas.

A vencedora da temática na categoria anos iniciais do ensino fundamental foi Kátia Bomfiglio Espíndolo, da EMEF Deputado Marcírio Goulart Loureiro, em Porto Alegre (RS). Nos anos finais do ensino fundamental, o prêmio foi para Mari Cecilia Silvestre da Silva, da EEF Horizonte da Cidadania, de Icapuí (CE). No ensino médio, venceu o professor Jayse Antônio da Silva Ferreira, da EREM Frei Orlando, de Itambé (PE). Cada um deles recebeu um troféu e o valor de R$ 5 mil, oferecidos pelo CIEB.

“Esse é um prêmio que dá muita satisfação, pois reconhece a criatividade e o empenho daqueles que estão na linha de frente com os desafios diários da Educação brasileira”, disse Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do CIEB. A diretora ressaltou a importância de se valorizar o estímulo ao uso de novas tecnologias para inovar nas salas de aula: “Hoje temos à disposição diversas metodologias, ferramentas e experiências práticas bem-sucedidas de uso de tecnologia educacional. Precisamos difundir novas formas de pensar os processos de aprendizagem e apoiar os professores para que tirem o melhor proveito do mundo digital, onde vivem, em boa parte do tempo, os nossos alunos”. Lúcia lembrou que o MEC lançou, recentemente, o Programa de Inovação Educação Conectada, que também contou com a parceria do CIEB.

 

Conheça, a seguir, os projetos premiados.

 

Vamos enCURTAr essa história?
EREM Frei Orlando, de Itambé (PE)

Ao refletir a respeito dos desafios no engajamento dos alunos nas aulas – uma queixa generalizada em sua escola – o professor de história da arte Jayse Antônio da Silva Ferreira teve uma daquelas ideias simples e geniais! Elaborou um questionário com dez perguntas bem diretas e claras, como: O que torna uma aula “enfadonha”? O que uma aula tem que ter para se tornar interessante? Que sugestões você daria para dinamizar as aulas?

As respostas foram direto ao ponto: “Concluí que a escola e os conteúdos não estavam dialogando com a realidade dos meninos e meninas. O mundo virtual, as novas tecnologias, as redes sociais, os softwares e aplicativos não estavam sendo utilizados em toda sua potencialidade. Os estudantes disseram que grande parte dos professores usava as tecnologias para pesquisas na internet ou para projetar o conteúdo na parede”, conta Ferreira.

Mas… o que fazer para mudar esse cenário? Ferreira foi à luta. Isto é, à internet, aos livros, às revistas. Começou a pesquisar sobre como conquistar a atenção de seus alunos e não demorou a descobrir: “Eles adoram o mundo geek, onde tem muita tecnologia, jogos eletrônicos, filmes, animes e séries”.

Assim, Ferreira criou o projeto Vamos enCURTAr essa história?, para estimular os alunos a escrever e produzir histórias que virariam curtas-metragens baseados em assuntos de seu interesse. Essa proposta vinculava-se ao conteúdo que estava sendo ministrado naquele bimestre: cinema. “Não se tratava apenas de fazer filminhos produzidos pelos alunos nas aulas de Artes. O projeto era bem mais amplo, envolvendo artes gráficas, cinema, vídeo, fotografia, edição e novas tecnologias, resultando em um ensino mais colaborativo, interativo e prazeroso”, ressalta Ferreira.

Os alunos adoraram a ideia. Os professores de língua portuguesa, inglês, literatura, história, geografia, filosofia e educação física acompanharam algumas atividades, consolidando a atividade como transdisciplinar. As produções foram exibidas em uma noite de cinema a céu aberto, na praça da cidade. Como desdobramento, já estão em andamento outras atividades: uma exposição fotográfica; a produção de um livro de contos incluindo as histórias que geraram os curta metragens; o desenvolvimento de um jogo para ser baixado no celular inspirado em um dos curta. “Além de uma proposta mais ousada: gravar nosso primeiro longa-metragem!”, comemora o professor.

 

Conta uma História?!
EMEF Dep. Marcírio Goulart Loureiro, de Porto Alegre (RS)

A cada dia, a equipe da Sala de Integração e Recursos (SIR) da EMEF Dep. Marcírio Goulart Loureiro, de Porto Alegre (RS), tem uma tarefa pra lá de especial. É que esses educadores são os responsáveis por atender 25 estudantes com deficiência intelectual, deficiência múltipla e transtorno do espectro autista matriculados na escola. Destes, 13 frequentam os três primeiros anos do ensino fundamental, cujo foco principal é a alfabetização e o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático.

É fundamental motivar esses alunos, para que avancem em seus processos de aprendizagem. E uma das formas de se atingir esse objetivo com sucesso é a inclusão social e educacional. “O conviver e o estudar juntos é uma potente ferramenta para a construção de uma sociedade menos preconceituosa e mais acolhedora das diferenças e da neurodiversidade humana. Os alunos sem deficiência que hoje compartilham suas trajetórias escolares com colegas que fogem do padrão de normalidade serão adultos mais sensíveis à causa da inclusão social, que faz parte de uma discussão mais ampla, a questão dos direitos humanos”, explica a professora Kátia Bomfiglio Espíndolo.

Dentro desse espírito, foi criado o Conta uma História?!, projeto de promoção da inclusão escolar e das acessibilidades (institucional, atitudinal, cognitiva e arquitetônica) por meio da literatura. A atividade funciona assim: cada aluno convida uma pessoa da comunidade escolar (professor, aluno, funcionário ou familiar) para contar uma história literária, que é gravada em vídeo, exibida para os alunos e compartilhada nas páginas do projeto e da escola no Facebook.

Kátia ressalta que acontece um encontro literário, que fica gravado em vídeo, e vai poder ser visto e ouvido inúmeras vezes por um ilimitado número de pessoas, para além das fronteiras da escola: “As histórias contadas também vão potencializar os processos de alfabetização, letramento e várias outras habilidades e competências, como a compreensão, atenção, interpretação, imaginação e abstração”.

A professora conta que, para o futuro, o objetivo é agregar acessibilidades aos vídeos, utilizando audiodescrição, legendas, Libras e arquivo de áudio. “Num primeiro momento, o Conta uma História?! seria apenas para os alunos do primeiro ciclo. Mas, a partir dos processos experienciados e dos bons resultados de mobilização das pessoas na escola, decidi ampliar o projeto para todos os alunos de inclusão”, diz Kátia.

 

Água, fonte de vida em Redonda
EEF Horizonte da Cidadania, de Icapuí (CE)

Muitos alunos da EEF Horizonte da Cidadania, na cidade de Icapuí (CE), são filhos de pescadores ou de agricultores familiares que vivem do cultivo de cajueiros. Essas atividades envolvem toda a família, inclusive as crianças, que desde pequenas ajudam seus pais de alguma forma nesses trabalhos. Foi com esse grupo de estudantes que a professora Mari Cecilia Silvestre da Silva desenvolveu o projeto Água, fonte de vida em Redonda. Redonda é um assentamento da reforma agrária, desde 1979, terra conquistada com luta e organização, da qual os moradores muito se orgulham.

Com o projeto, tornou-se cenário de uma série de vídeos feitos pelos alunos do 9º ano do fundamental. “A meta do projeto envolveu a questão do empoderamento, chamando atenção sobre a importância dos alunos criarem suas próprias narrativas, apropriando-se da multimodalidade. A internet que muda a questão da autoria, da legitimidade de quem fala, do poder da fala, como dizem os pesquisadores, foi o que vivenciamos, observamos e refletimos”, conta a educadora.

Os meninos e as meninas saíram a campo captando imagens e registrando depoimentos com seus aparelhos celulares. A maioria começou entrevistando os próprios funcionários da escola. As informações serviram de subsídio para a escrita do roteiro. Mari explica sua estratégia pedagógica: “Eu pretendia observar o protagonismo, a organização de ideias na elaboração do roteiro das entrevistas, a desenvoltura e a autonomia na produção desses pequenos filmes”.

Isso se deu por meio de um processo de escrita, durante quatro meses, nas duas horas/aula de produção textual, envolvendo estudos sobre: características do texto narrativo, pessoas do discurso, gênero entrevista, pesquisa bibliográfica, webgráfica e aulas de campo. Além disso, os alunos aprenderam a utilizar smartphones e câmeras digitais, a fazer gravação e edição de vídeos em programas disponíveis na internet, utilizando os recursos multimodais para dar novos sentidos à produção audiovisual. O resultado final foram os quatro episódios da série, disponíveis no YouTube. E também foi criada uma página do grupo no Facebook, com o nome “Estudiosos Online”.

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